domingo, 16 de outubro de 2011

correu, correu.


- ‘Bom Dia, Bom Dia!’ (com os olhos cansados e aquele sorriso largo estampado)

Sempre achei bonitinha sua mania de repetição, desde o ‘sim, sim’ ao ‘oi, oi’, me lembrava algo infantil, como aquelas crianças que fazem a mesma pergunta centenas de vezes e você não se importa de responder, simplesmente porque o encanto por aquele ser pequeno que está à sua frente é muito maior do que qualquer falta de tempo do dia a dia.

- ‘Não Mais, Não Mais!’ (com o pensamento longe e olhos marejados)

Considerava os seus relacionamentos os mais conturbados possíveis. Amou como um relâmpago, dividindo todo um céu, toda uma vida ao meio, caiu, chorou, não quis mais. Correu, correu, dançou, beijou, transou, brincou e até partiu alguns corações por aí. Apaixonou-se, oi? Sim! Tentou correr, mas não tinha para onde, deixou-se amar, tentou, tentou, não deu, fez alguém chorar. Viveu, viveu, carimbou camas, um ser faminto, ditava regras e não seguia nenhuma sequer, sorriu vazio, cansou das festas, ao acaso encontrou. Encantou-se, desanimou, manteve certo interesse, voltou, apaixonou-se e amou, amou pouco, terminou, amou muito, chorou, chorou, até tentou, emagreceu e ultrapassou todas as regras internas, acreditou em algo maior, perdeu, falhou. Viu-se no espelho, sorriu, não quis chorar, ‘não mais’, quer amar, amar com todas as conseqüências que possam vir. Considerava justa toda forma de amor.

-‘Acordou.’

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

contabilizando erros.


Aqui estou mais uma vez vasculhando a memória, procurando meus momentos de falha, de pobreza de espírito, fraqueza, e olha, não foram poucos! Contabilizo cada um em uma espécie de cardeneta mental onde o título diz “Não Mais”, e a guardei bem pertinho do famoso juízo, pois espero que esse me ajude a não esquecê-la em qualquer mesinha por aí, afinal sou muito esquecido e repito isso todos os dias ao perceber minhas perdas, desde chaves e canetas à pessoas!

-Ah, como sou esquecido.

E o que me sobrou?
Me sobrou tanta coisa, tantas memórias, tantos sorrisos, blusas de frio perfumadas, um porta-retrato com uma foto congelada, sobrou seus olhos, cabelo, mãos, boca, sobrou você aqui em mim, sobrou sentimento nesse quarto. Me faltou tão pouco, era tão pouquinho o que faltava, mas tão grande em significância, era consideração, companheirismo, amizade... um pouquinho mais de cada um, poucas gotas talvez. Ah como dói, ah como me desidrata os olhos. Me pergunto onde erramos, onde soltei sua mão, vasculho a memória para achar o momento exato em que deixei seus dedos escorregarem, ah seu eu pudesse, ah seu eu pudesse segurar firme, ah se eu pudesse não me machucar com suas palavras, ah se eu pudesse não me magoar a cada gesto impensado seu. E agora o respeito se quebra em inúmeros pedaços como se fosse um espelho qualquer, de um banheiro qualquer; chega de ofensas meu amor, não precisamos delas, foi lindo. Agora vamos descansar, vamos nos poupar, posso ficar aqui até você conseguir dormir?

Cuidarei dos meus sonhos, cuide dos seus também.

terça-feira, 11 de outubro de 2011


"Então não o ama mais?
- Amo. Só guardei isso num cofre. E tranquei. E esqueci a senha.
Não porque quis. Foi preciso."

.Caio Fernando Abreu