domingo, 27 de abril de 2014

indigesto.


Amores indigestos, falas mal sucedidas, frases recém acabadas. Cortar o fio que te prende ao passado, apertar o sinal e descer na próxima estação, abrir as velas e deixar o vento soprar, o céu desaguar, o coração suspirar, respirar fundo e suavizar. Não esperarei um amor para daqui a dez anos , nem que esse fosse o último que eu pudesse alcançar e talvez até seja, já não importa. Não vou aceitar um amor que não completa, não preenche, não mata e revive, não explode em fogos de artíficio iluminando céus escuros, eu sei que são boas as intenções e também sei e sinto sua sinceridade infinita, e apesar de tudo sinto em lhe dizer que não somos compatíveis, dois mundos se chocando com com igual intensidade, eu tentei, juro que sim, mas existe um buraco negro entre nós que acabará nos engolindo, faça sua parte e desvie o caminho, poderemos seguir intáctos e continuar habitáveis, ainda há tempo.
Olho pra trás e lá está você, fumando um cigarro com aqueles olhos, olhos inatingíveis, olhos que tanto me enlouqueceram, você sabe que não pode mais me atingir, você sabe que o caminho é sem volta, doeu muito cortar o fio, como rasgar a carne e deixar sangrar sem ninguém pra estancar, você não me viu chorar, você não viu as lutas que ganhei, nunca te vi na hora dos abraços, seguir não é mais questão de escolha, é sobrevivência. Você que no meu hoje tenta não dizer adeus, você não me conhece, você não sabe que mil batalhas eu travei, você não vê que esse coração não bate mais?