quarta-feira, 21 de setembro de 2011

para nunca mais te deixar.



Ontem acordei, escovei os dentes e bebi aquele café forte e doce. Ontem, andei pela casa procurando algo que eu desconhecia, algo que minha memória falha insistia para que eu procurasse, dizia pausadamente e imponente que eu deveria encontrar. Passei algumas horas perambulando por estes pequenos cômodos e delgados corredores e escutei uma voz, uma voz fraquinha e trêmula que me chamava pelo nome e demonstrava certa felicidade ingênua ao me ver. Eu o vi, a princípio não o reconheci devido tamanha deformação que havia ocorrido no decorrer desses nove meses sem contato, por fim, tive pena e remorso por não ter estado próximo da pessoa que eu mais amei e ainda amarei nessa vida.

Ofereci-lhe um copo d’água e ele aceitou meio desconfiado, peguei em sua barba por fazer e em seu cabelo já sem corte e sem brilho, tinha olheiras e estava mais magro que de costume, suas roupas amassadas e seus olhos sem vida, estagnados em alguma dimensão paranóica. Senti vontade de chorar e o fiz durante vários pontos no decorrer de nossa conversa, ele não falava muito, estava decidido a me escutar. A vida não está fácil para nós e nem para ninguém, cada dia é uma luta, cada dia se gasta um pouco de coragem até para sair de casa e enfrentar os fantasmas que vivem lá fora. Fui sincero, disse-lhe que o que dói hoje ainda doerá por mais um tempo e talvez doa pela vida inteira, mas que doerá cada vez menos e em algum momento estará mais estável, entretanto, fui claro ao dizer que dependia mais dele do que de qualquer outra pessoa, que ele teria que ser forte para construir barreiras, mas não barreiras de papel como ele disse ter feito, essas caem ao menor sopro, teria que ser barreiras de concreto e aço maciço! Estou propondo tratamento de choque! Repeti três vezes para que ele se convencesse de que isso seria necessário e mesmo com o balançar negativo da cabeça e com as lágrimas que começavam a lavar o rosto, ele me disse um sim, um tão festejado ‘sim’!

Hoje acordei, escovei os dentes e passei em frente à cozinha, o café estava pronto como de costume, mas deixei para depois, precisava vê-lo o quanto antes! Corri pela sala e cheguei ao banheiro, me aproximei da pia, levantei os olhos e lá estava ele, ostentava um sorriso gostoso no rosto, assim como o brilho dos olhos, ele estava bem, estava se levantando, se estabilizando enfim. Por um momento achei que seria possível atravessar aquele espelho e abraçá-lo como nunca o abracei, dizer que de perto dele nunca mais sairei. Nunca!

gabriel.


"Hoje não sou nada! !Mas amanhã? Então não me julgues hoje, para não ter que te condenar amanhã." (Rodrigo Aragão)

Geralmente fazemos citações em finais de textos ou em seu desenvolvimento, mas creio que seja mais adequado, se tratando de palavras referidas a você, fazer a referência no começo, pois a unica referência necessária para o desenvolvimento desse mero fragmento, é a concepção que tenho de um carinha bacana aí!
Você me intriga no que diz respeito ao aqui e agora, você definitivamente os utiliza no seu dia a dia. De uma pessoa completamente indecisa, no qual se deixava levar para onde o caminho do acaso o direcionasse, passou a ser um condutor de seu próprio caminho, isso chamamos de determinação, hoje posso te falar que vejo determinação no que você diz. Pessoa de um caráter de se admirar, nada que se possa dizer a seu respeito pode abalar o seu caráter. Para alguns, você pode ser chamado de puro libido (leia-se inconsequente), mas isso todos nós somos em determinados momentos, e de forma alguma isso nos diminui. Momentos delicados nos ensinam muitas coisas sobre a vida, sobre o nosso posicionamento diante dela. Contudo, você é uma das estrelas que compõe a constelação que me guia, portanto, continue brilhando e me orientando, pois sem uma das minhas estrelas, a minha direção será o não ter direção! E por fim, farei de suas as minhas palavras:

"Meu medo é a solidão, então, aceito que você não me ame tanto, mas continue com um mínimo de sentimento por mim, ao menos lembre-se de mim, ao menos me dê um sorriso..."

.Diogo Roberto

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ao infinito e além.


Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo, gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça.. ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.

.Caio Fernando Abreu


Estrelas nascem e morrem todos os dias, outras simplesmente mudam de lugar. Permita-se.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

autofágico.




Eles se amam. Todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso.

.Tati Bernardi

Aqui estou mais uma vez na minha luta diária, matando um leão ao amanhecer e um gigante todas as noites antes de dormir. Sabe, desviar pensamentos é um tanto quanto complicado, o próprio ato de tentar não pensar em algo já é pensar, já é abrir a porta e deixar entrar, deixar com que ande pela sala, sente no sofá, olhe para os quadros e por fim deixar com que derrame sorrisos pelo chão e se aposse do meu lar, e o que eu faço? Eu? Recolho cada sorriso cuidadosamente para que não se quebrem em minhas mãos e os jogo pela janela para que lá fora fiquem e junto com cada um vai uma lágrima, junto com cada um vem um aperto no peito, uma dor imensurável, afinal, verdade seja dita, te pedir para se retirar do meu lar é um tanto dolorido, pois gostaria que ficasse, sim, que ficasse! Que fizesse do meu o seu, que tomasse posse de tudo o que é seu por direito, entretanto, hoje não se trata de um ‘viveram felizes para sempre’, hoje, eu te peço que vá, pois é nisso que tento acreditar todos os dias mesmo desacreditando instantes depois, acreditar que ser dois em ‘um’ não dá mais, agora somos dois incompletos, dois!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

sorrir, sussurrar e permitir.


Acordei sem a menor dificuldade, espiei a rua em silêncio, muito limpa, as azaléias vermelhas e brancas todas floridas. Parecia que alguém tinha recém pintado o céu, de tão azul. Respirei fundo. O ar puro da cidade lavava meus pulmões por dentro. Setembro estava chegando enfim.

.Caio Fernando Abreu